As perspectivas políticas para Lula em seu terceiro mandato como presidente do Brasil são envoltas em ambiguidade e complexidade. A pesquisa divulgada pela Quaest, que avalia o eleitorado de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás, mostra que governadores de direita desses estados estão bem avaliados por seus respectivos eleitorados, superando inclusive a popularidade do próprio Lula. Essa pesquisa, aliada a outras pesquisas nacionais que indicam uma queda na popularidade de Lula, sugere que a resultante do mandato do presidente ainda é incerta e pode enfrentar desafios políticos futuros.

O cenário político atual

Apesar disso, Lula ainda goza de relativa popularidade nos dois maiores colégios eleitorais entre os quatro estados pesquisados, São Paulo e Minas Gerais, onde sua aprovação se divide meio a meio com sua desaprovação. De acordo com Ricardo Ribeiro, analista político da LCA e MCM Consultores, a pesquisa Quaest reforça a posição de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, como potencial principal candidato da direita a enfrentar Lula em 2026.

No entanto, Octavio Amorim Neto, cientista-político da EBAPE-FGV, vê a direita brasileira numa encruzilhada. Ele concorda que algum desses governadores de direita bem avaliados do Sudeste, Centro-Oeste e Sul pode vir a liderar a direita no futuro próximo, mas ressalta que o mais importante é que esse movimento se dê no quadro da reconstrução de uma centro-direita/direita democrática e protagonista no jogo político no País.

Os desafios e oportunidades

Amorim vê dois sinais positivos recentes na direção da reconstrução de uma direita democrática. Um deles foi a recente decisão do Supremo sobre a interpretação do artigo 142 da Constituição, que negou às Forças Armadas qualquer poder constitucional para uma intervenção militar ou para agir como "Poder Moderador". O segundo foi a alta proporção de votos do PSD para manter na prisão Chiquinho Brazão (sem partido/RJ), acusado de mandante do assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Isso indica que o partido está menos infiltrado pelo bolsonarismo do que outros partidos de centro-direita e direita, incluindo o Centrão.

Porém, Amorim Neto é cético sobre a possibilidade de que Tarcísio ou outro potencial candidato protagonista de direita rompa com o bolsonarismo, uma vez que essa é uma mudança que deve ser difícil e lenta. O bolsonarismo ainda é uma força eleitoral substancial, alimentado por polêmicas e conflitos envolvendo liberdade de expressão e riscos à democracia.

Implicações no governo Lula

Essa complexidade política pode trazer desafios para o governo Lula em seu terceiro mandato, que terá que trabalhar para manter a governabilidade política e tocar sua pauta econômica. O espaço para erros será pequeno, considerando os desafios e incertezas da conjuntura política atual. No entanto, o presidente terá a oportunidade de consolidar sua força em São Paulo e Minas Gerais, e de consolidar uma coalizão que rejeite o bolsonarismo e defenda os valores democráticos.

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Por /Fernando Dantas